Aulas de Contato e Improvisação - Profa. Maria Eduarda Buarque

As aulas de “Contato e Improvisação” ministradas pela professora Maria Eduarda Buarque foram mais um lindo e necessário estalo pensador-criador para a decodificação da linguagem da dança através de seu conteúdo teórico e prático que o Curso Acupe está oferecendo a todos nós parte integrante e pensante deste curso.

Bailarina, coreógrafa, psicóloga e escritora Maria Eduarda Buarque foi nossa mestra zen do Curso Acupe. Sempre tranquila, sensata, delicada e profissional buscou estimular cada integrante do curso com o intuito de retirar o melhor de cada um para formar um todo repleto de boas energias, emoções e aprendizados.

Os conceitos e teorias do teórico, bailarino, coreógrafo e educador Rudolf Laban foram à base do nosso estudo dos movimentos corporais. Segundo o texto base para disciplina “A linguagem do movimento” ofertado pela professora Maria Eduarda, Laban buscava resgatar para a dança e para o teatro a riqueza dos movimentos naturais e espontâneos e que para isso codificou a escrita do movimento humano através da observação e investigação dos elementos constitutivos, formas de utilização do movimento além da parte mecânica e física, Maria Eduarda nos abriu um novo olhar para dança. E uma vez aberta uma visão para o mundo não há como voltar atrás. E mais, "Uma visão com ação pode transformar o mundo". (JOEL BARKER). Diante de todas as possibilidades apresentadas pela professora, irei dissertar sobre algumas experiências vividas em sala de aula que já transformaram o meu mundo, e para melhor.

Aulas Aquecimento e alongamento – Antes de começar as aulas nós sempre praticávamos alongamentos propostos por Maria Eduarda. Aquecíamos os corpos com técnicas de massagem, rolamentos, balanços, pêndulos, pequenas caminhadas ao redor da sala leves e moderadas, sempre ao som de suas maravilhosas músicas. Foram muito importantes para a completa entrega psíquica e corporal a que nos estávamos nos propondo. Pois, precisávamos nos concentrar para assim melhor responder aos estímulos e propostas apresentadas.

Aulas Teóricas – Conceitos e teorias de Rodolf Laban. Fundamentos do movimento (Corpo, Ação, Dinâmica, Espaço, Relação), Partes do corpo, Ação (Transferências, Gestos, Locomoção, Saltos, Giros, Parar), Dinâmica (Socar, Chicotear, Torcer, Pressionar, Flutuar, Deslizar, Flicar, Pontuar), Noções de Pesado, Leve, Flexível, Direto, Lento e Rápido, Velocidade, Espaço (Alto, Médio e Baixo, Kinesphera, Áreas do corpo, Extensões no espaço, Palavras de espaço, Formas com o corpo, Direções. E suas relações no cotidiano.

Aula base – Foram as aulas que se sucederam a partir de uma coreografia base que Maria Eduarda criou para a turma. Dedicamos-nos a aprendê-la e após isso fomos estimulados a criar novos passos para a mesma. Novos rumos foram criados.

Aulas Sensoriais – Colocar a mão na botija sem olhar o conteúdo. Essa quase brincadeira de criança fez com nós utilizássemos mais uma vez a criatividade, só que dessa vez a partir do tato. Desafio: Escolher um objeto numa sacola fechada com diversos objetos (cubo de madeira, Bombril, algodão, pedra lapidada, lixa, pente, tecido esvoaçante), escolher uma qualidade, criar uma frase de movimento e representá-lo através de um movimento corporal. Ou seja, trazer a qualidade do objeto para o corpo.

Aulas Objeto – Cada aluno deveria trazer de sua casa um objeto que lhe provocasse um estímulo. Seja este objeto uma pintura, escultura, música, texto, sonho, mímica, imagem para a partir daí criar um núcleo coreográfico.

Aula Partes do Corpo – Se deixar levar por partes do corpo. Segui-las como guias.

Aulas Instinto – Com ou sem som de músicas escolhidas pelo repertório musical da professora (Do clássico ao popular alternando atmosferas relaxantes e saltitantes) nós fomos estimulados a dançar livremente utilizando os movimentos trabalhados em sala com noções teóricas aprendidas. Maravilhosa aula que me fez relembrar quando ainda era bem pequena e saía dançando sozinha pelo teatro do meu colégio ao som do piano da minha professora quando ainda não tinha noção do que estava fazendo. Ou tinha. Estava sendo feliz.

Até onde posso ir?, Será que eu consigo?, E, se eu fizesse assim? Ou assado?, E agora?, foram questões internas levantadas e superadas a cada desafio. O controle e o domínio do próprio corpo e mente também foram exigidos nas aulas. A “Lei do Esforço Mínimo” nessa aula não teve vez. Íamos até nosso limite. Descobri novas possibilidades corporais do meu corpo e dos corpos dos colegas em cena foi muito oportuno. A possibilidade de ver os colegas em cena foi bárbara, pois permitiu que nós presenciássemos criações ímpares ao vivo.

Todas as aulas foram mescladas com teoria e prática, com criações solo, em dupla ou em grupo. Interações, intersecções e opiniões sempre foram discutidas após cada aula. Através de cada exercício de criação proposto como com ou sem som, com desenho no papel antes ou após a coreografia criada, a partir de uma contagem de passos, com objetos, ações, níveis e direções nos foram apresentadas diversas formas de compor uma coreografia.

Todas as essas teorias, ações, sensações, emoções, descobertas, aprendizados, limites que pude vivenciar nas aulas da professora Maria Eduarda me trouxeram a possibilidade de conhecer um pouco mais sobre o grandioso universo da dança e sobre mim como pessoa.

Agradeço a oportunidade de ter convivido e aprendido sobre a linguagem da dança que faz parte da linguagem da vida e com isso ter aprendido a viver melhor, com mais calma, tranquilidade e consciência um pouco mais a cada aula.

Ana Teresa Barros